A melhor forma de comemorar os meus recentes 26 anos foi acordar às 6h30 para podermos apanhar o barco que nos levaria a Lombok a tempo e horas.
Às 7h estávamos todos prontos para o pequeno almoço no nosso modesto hotel, o problema é que, apesar de o horário de pequeno almoço ser das 7h às 10h, a cozinha só abria às 7h30, o que associado à lentidão nos faria certamente perder o barco. Indonésios…
Assim, de estômago vazio, lá contratámos duas carroças (apelidados carinhosamente de pangarés) para levar as malas ao porto de embarque, que de porto só tem mesmo o nome. Como o barco afinal só sairia às 8h15 ainda conseguimos enganar o estômago num tasco junto ao porto.
Entrámos no barco, com o pé na água e a água pelo joelho, um barco que mais parecia o autocarro do povo, e a viagem fez-se tranquilamente durante cerca de meia hora, sempre na conversa com risos e boa disposição entre os 12 tugas. Tive direito aos Parabéns cantados pelos portugueses em pleno barco.
O desembarque em Lombok foi do mais surreal a que já assisti. À chegada do barco começaram a aproximar-se imensos locais, assim que o barco encostou, saltaram para dentro do barco e começaram a tirar malas, eram tantos que a certa altura já ninguém sabia da sua mala, quem a tinha levado nem para onde, foi uma absoluta confusão. Quando nos apercebemos já não sabíamos uns dos outros, tal era a confusão, e também não fazíamos ideia para onde tínhamos de ir. Acabámos por nos reunir novamente na paragem do autocarro, já depois de ter ido de pangaré do porto à paragem do autocarro, uns míseros 300 metros. O autocarro demorou tempo suficiente para os vendedores terem tempo de nos impingir tudo e mais alguma coisa. Os muçulmanos (a maioria em Lombok) pareceram-me, à primeira vista, agressivos e mal educados.
O autocarro levou-nos até à agência que nos ia mostrar a ilha, ainda longe de onde estávamos. Lombok tem uma paisagem natural muito bonita, tem muitas enseadas e água quase transparente. Já na agência foi um reboliço tentar meter 12 tugas e respectiva bagagem (mais que muita) em duas carrinhas, foi um exercício de Tetris.
A viagem começou e logo de seguida deu-se a primeira paragem no Morning Market, um mercado local. O sítio é absolutamente indescritível, uma autêntica pocilga, o chão é de terra batida com um acumular de lixo no chão que faz colar os chinelos a cada passo que se dá, as moscas andavam de volta do peixe e da carne sem qualquer forma de conservação num calor de 30 graus e muita humidade. A nossa cara devia ser tal que as pessoas (os locais) no mercado riam-se de nós. A Indonésia é um país com muito lixo, as pessoas têm enraizada essa cultura de meter o lixo no chão e parece-me que é algo que vai custar a mudar.
Voltámos a parar à beira da estrada para dar comida aos macacos, tal como em Bali. Em Lombok, os macacos são mais amigáveis, bastava estender a mão com amendoins ou bananas e eles pegavam na comida delicadamente.
O ponto de paragem principal foi a cascata Sindang Gila, nada de extraordinário, era semelhante à de Bali mas mais pequena. Acabámos por almoçar num restaurante nas imediações da cascata, um restaurante tranquilo com uma vista fantástica: de um lado a cascata e do outro a encosta que descia até ao mar por entre campos de arroz.
A parte da tarde resume-se a imensas horas de carro, atravessámos Lombok de norte a sul até que, já perto do hotel onde iríamos ficar, visitámos uma Weaving Factory, com tecidos muito bonitos cujo metro demora cerca de um mês a fazer.
Chegámos ao Novo Hotel, no sul de Lombok, já tarde mas ainda a tempo de apreciar o espaço do hotel e os quartos, provavelmente o melhor onde estivémos. Acabámos a jantar no buffet do hotel (com uma comida divinal) e voltei a ouvir os Parabéns cantados pelos companheiros de viagem com direito a palmas dos empregados e tudo.
Depois de jantar ainda houve tempo para ir à praia pôr o pé na água, a testar a temperatura. Apesar do cansaço da viagem, foi um óptimo e diferente dia de aniversário!