Quando nos habituamos a determinado nível de vida e luxos é complicado mudar de hábitos.
Durante a manhã ainda tivémos a oportunidade de desfrutar do resort espectacular que tínhamos à disposição, o Novo Hotel de Lombok. O dia começou cedo, como costume, e ainda tomámos um farto e saboroso pequeno almoço na companhia do outro grupo tuga. Como só tínhamos mesmo a parte da manhã para estar no resort, primeiro fomos à praia, a uns escassos 20 metros do hotel, em jeito de praia privada, a água era um pouco mais fria do que já nos tínhamos habituado mas ainda assim muito boa, uma praia quase deserta só para nós com uma árvore linda e viçosa no meio do mar e umas sombrinhas muito agradáveis.
Como o tempo era curto, rapidamente passámos para a piscina, esplêndida, uma autêntica sopa. Foram momentos de puro relaxamento com conversas, risos, retrospectivas do que já tínhamos visto e perspectivas para os dias seguintes. Acabámos a manhã a comprar t-shirts de Lombok a umas senhoras que tinham uma banca à sombra de uma árvore entre o hotel e a praia.
A viagem até ao novo aeroporto de Lombok foi bastante rápida. Íamos apanhar o avião para Surabaya. Não nos escapámos a pagar excesso de bagagem que a Lion Air (uma companhia de baixo custo) só permitia 15Kg por pessoa. O aeroporto, apesar de novo, já parece ter muitos anos, acho que não cuidam muito para que tenha um aspecto lavadinho e minimamente apresentável, as casas de banho pareciam ter muitos anos e as sanitas eram daquelas no chão, como se via por cá há muitos, muitos, mas mesmo muitos anos atrás.
O avião era o mais pequeno em que alguma vez andei, mais parecia um autocarro cheio de indonésios, nós éramos dos poucos caucasianos naquele avião, com filas de dois lugares dum lado e de outro, com hélices em vez de motores, confesso que não me senti propriamente segura naquele meio de transporte. Ainda assim a viagem foi rápida e sem precalços.
À chegada a Surabaya, num ambiente que nos era totalmente estranho, de confusão, muita gente, e muita gente com ar desconfiado, já nos esperava o nosso motorista que segurava uma placa com o meu nome. Pela primeira vez verificaram se as malas que trazíamos eram efectivamente as nossas, se coincidiam com o ticket que tínhamos, fiquei positivamente surpreendida com esta situação, nunca tal tinham verificado em tantas vezes que já andei de avião e era uma coisa que me perturbava “se alguém pega na minha mala e a leva?”.
Começámos aquela que seria uma aventura até chegar ao Hotel do Monte Bromo onde íamos ficar. Apanhámos uma fila de trânsito interminável a sair de Surabaya, até que o motorista se enervou e meteu-nos por um atalho, claro que à boa maneira indonésia isso incluía pagar umas notas a uns tipos locais, uma espécie de portagem clandestina por ter ido por aquele atalho. Acabámos por apanhar a fila mais à frente, com motas a ultrapassar por tudo quanto era espaço, fosse pela berma, pela direita, por entre os carros e camiões. Só 5 horas depois chegámos ao nosso destino, foi nesse momento que tivémos noção que o trânsito em Java era surreal, talvez pior que em Bali!
O restaurante do hotel ainda nos serviu umas comidas para enganar a fome, apesar de já serem 22h. Nessa noite era imperativo deitar cedo, a aventura do dia seguinte começaria literalmente de madrugada.
A ilha de Java é a mais populosa do mundo. Tem 135 milhões de habitantes numa área pouco maior que Portugal e Galiza juntos. A infra-estrutura é fraca e desamente povoada.
Apear do granel total que é Java, orgulho-me de conhecer essa ilha quase melhor que Portugal. Tem sítios fantásticos. Foi a ilha onde estive pela primeira vez numa cratera de vulcão, onde vi um vulcão em erupção e onde tive aventuras fantásticas.
Ainda está na minha lista subir o monte Semeru! Mas quando tiver em forma… Falando um bocadinho de Indonésio como falo, diria que me sinto em “casa” em Java.